O Primeiro Encontro de Danças Urbanas – Jam Olido

Imagine isso: São Paulo, 2007. Um cara com um boombox no Parque Ibirapuera. Parece o começo de um filme dos anos 80, certo? Errado. É o nascimento da Jam Olido, o evento que mudou o jogo das danças urbanas no Brasil por uma década inteira.

Mas espera aí. Jam Olido? No Ibirapuera? Pois é, meu amigo. A história é mais louca do que você imagina.

Do parque para a história

Frank Ejara. O cara levava seu boombox pro Ibirapuera e fazia uma roda na marquise. Simples assim. Sabe como ele mantinha a música rolando? Pedindo doações de pilhas pro boombox. Não tô brincando.



Um raro registro da Jam no Ibirapuera

Por que “Jam”? Não é só uma palavra legal. Vem do jazz, significa “Jazz After Midnight”. É quando os artistas se soltam, improvisam, se divertem. E foi exatamente isso que a Jam se tornou para as danças urbanas.

Várias danças, vários grupos

Antes dos anos 2000, as danças urbanas no Brasil eram um caldeirão sem receita. Um pouco daqui, um pouco dali, tudo misturado dos EUA. Mas a partir 2001, algo mudou.

Frank Ejara começou a espalhar suas pesquisas. Outros como André Rockmaster, Edson Guiu, Tati Sanchis entraram no jogo, pesquisando ainda outras danças urbanas, e trazendo essa organização de categorias pro Brasil.

De repente, tínhamos:

  • Popping
  • Locking
  • Hip Hop Freestyle
  • House Dance
  • Breaking
  • Rocking
  • Waacking

Parece ótimo, né? Mas tem um problema. Isso era arriscado, podia acabar dividindo os grupos. A Jam? Anulou esse risco e uniu todo mundo.

Seleção musical era o segredo

Aqui tá o segredo: a seleção musical da Jam era um trabalho de gênio. Pra quem tava de fora, parecia uma playlist eclética cheia de energia. Mas cada música? Escolhida a dedo pra fazer todo tipo de dançarino se sentir em casa.

Era assim que a gente juntava os estilos. Foi natural: Eu e o Frank éramos viciados em pesquisar músicas.

Da marquise para a galeria


Um dia, Frank descobre que a sala de dança da Galeria Olido tá vazia. Boom! A Jam encontra seu lar definitivo. Todo primeiro domingo do mês, de graça. Foi aí que a coisa explodiu.

No começo? iPods plugados no som. Básico.

Mas evoluímos rápido: Chegaram os toca-discos, eu e Frank viramos DJs e DJ Niko logo entrou na festa. Mais pra frente, DJ Rodz.

De vez em quando, DJs convidados de peso como DJ Pogo e DJ Nyack.

A praça pública das danças urbanas

A Jam Olido virou o point. Não tô exagerando. Olha só quem frequentava no começo:

  • Funk Fanáticos
  • Chemical Funk
  • Discípulos do Ritmo
  • Backspin Crew
  • Street Breakers
  • Funk Fockers
  • Freestyle Force
  • Ritmos de Rua

E isso é só a ponta do iceberg. Era um caldeirão de estilos, gerações, histórias.

O espírito da Jam: sem frescura, só roda

Na Jam Olido? A gente não tinha essa de batalha organizada, apresentação marcada, nada disso. Era música e roda a tarde inteira. Ponto.

Isso quer dizer que não rolava desafio? Claro que não. A gente se provocava direto. Posso falar por mim: batalhei pra caramba na Jam. Vi coisa de arrepiar também. Sem jurado, sem prêmio, tudo na esportiva.

Algumas batalhas? Pegavam fogo mesmo.

O máximo de estrutura que a gente fazia era uma edição anual dos “prêmios destaque”. Mas olha, nem isso era competição. Eram prêmios simbólicos que eu, Frank e DJ Niko dávamos pra quem a gente via ralando de verdade durante o ano todo na Jam.

Essa edição anual virava uma festa. Performances especiais, DJs convidados, clima de aniversário de família. Era nossa forma de celebrar quem realmente fazia a Jam acontecer.



O legado que todo mundo esperava

A Jam cresceu. Cresceu muito. Virou o lugar oficial pra quem era das danças urbanas. São Paulo, Brasil, até gente de fora vinha dançar aqui.

Pensa nisso: um boombox no parque virou um movimento que mudou a cena das danças urbanas no país inteiro.

E sabe o que é mais louco? Esse legado continua vivo. Inspira gente nova. Preserva história.

A Jam Olido não foi só um evento. Foi uma decolagem. Uma que começou com pilhas doadas e terminou redefinindo uma cultura inteira.


Jam Olido em sua primeira fase – Março/2007

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